Conhecendo o Amado irmão Johannes Tauler

John Tauler (1300-1361), também conhecido como Johannes Tauler, Johann Tauler, Juan Taulero ou João Tauler, foi um germânico Escritor de Vida Interior; Teólogo MísticoNeo-Platonista; e Frade Dominicano.

Eu [Jesus] Sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido Comigo e Eu com ele, esse dá muito fruto porque sem Mim vocês não podem fazer nada.” (João 15:5, NTLH, SBB).

Ora, vocês são o Corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam? / Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons. Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente.” (1ª Coríntios 12:27-31, NVI, SBI).

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.” (1ª Coríntios 13:13, VRA, SBB).

John TaulerJohannes Tauler nasceu em Estrasburgo, situada no leste da França, porém sua aglomeração urbana alcança a atual Alemanha.
Durante a sua adolescência ingressou na Ordem Dominicana, prosseguindo os seus estudos na Faculdade Saint James em Paris.
As suas pregações impactavam todas as pessoas piedosas, principalmente, as mulheres daquela época que buscavam com zelo o Cristianismo. As suas características de pregador foram reconhecidas em toda a Renânia (Oeste da Alemanha).

No Século 14, o Papa João XXII (Jacques d’Euse) assumiu posições políticas motivadas por disputas religiosas, culminando em intrigas com Luís IV de Baviera, Sacro Imperador Romano-Germânico, resultando no exílio dos Dominicanos.

Durante esses sofrimentos, John Tauler foi cativado pelos devotos chamados de Amigos de Deus, grupo de Leigos-Místicos, o centro do Misticismo Alemão. A terminologia “Amigos de Deus” busca o seu fundamento no Evangelho de João 15:15 “Eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido“.

John Tauler, influenciado pelos Amigos de Deus, ensinava que a alma é afetada e transformada pelo relacionamento interior com Deus, considerando que os atos exteriores (litúrgicos) não são suficientes para a transformação.

A sua pregação sobre Vida Interior ajudou os cristãos no enfrentamento das calamidades que assolaram Estrasburgo, dentre elas: terremoto, incêndio e a peste negra. Muitos líderes religiosos fugiram dessas “pragas”, mas John Tauler permaneceu fiel ao seu encargo, suprindo e encorajando aos que ficaram.

O seu falar tocava os problemas profundos da moral e da espiritualidade, trazendo aplicações para a vida cotidiana, evitando abstrações impraticáveis, mas infelizmente alguns ensinamentos seus foram utilizados como estrutura para o Universalismo Cristão ou Reconciliação Universal que apregoa a rendição de toda a humanidade, o que traz alguns problemas com os conceitos bíblicos de Castigo Eterno, Sofrimento no Inferno e Eternidade no Lago de Fogo. Desta forma, alguns procuraram elaborar a Doutrina do Aniquilacionismo.

 

Declaramos que rejeitamos o Ecumenismo que promove o Universalismo Cristão e a sua consequente Doutrina do Aniquilacionismo. Ensinamos a Fé Reformada e a sua Doutrina Monergista de Eleição Soberana, crendo na Vida Eterna para os salvos e no Sofrimento Eterno para os incrédulos. Contudo, apreciamos o ensino da Vida Interior, do desfrute íntimo da Pessoa de Cristo, legado deixado por John Tauler e ensinado por muitos nos séculos posteriores, como Madame Guyon; Andrew Murray; Jessie Penn-Lewis; T. Austin-Sparks; A.W. Tozer; Watchman Nee; Witness Lee; dentre outros.  Os escritos de John Tauler foram amplamente lidos nos séculos posteriores pelos Católicos e pelos Protestantes, estruturando o pensamento Místico-Cristão Ocidental.

John Tauler é considerado um autêntico cristão do Pensamento Medieval, no entanto, a sua essência contém estruturas Pré-Reforma, o que cativou Reformadores como Martinho Lutero, provavelmente, porque os seus escritos não exploravam terminologias como Indulgência, valorizavam o Desfrute Interior, e não exaltavam desequilibradamente a Liturgia e as Obras. A sua ênfase centrava na Cruz de Cristo e no relacionamento íntimo com Deus, todavia, jamais condenou a Igreja Católica existente em seus dias.

As pessoas daquela época não estavam preparadas para ouvir sobre questões pertinentes à Igreja, ainda era necessário preparar o caminho para a Reforma através de temas cruciais para os cristãos como o Pecado, a Cruz de Cristo, e a Vida Interior.

Na doutrina de Tauler encontramos traços Platônicos e Neoplatônicos, além dos pensamentos de Tomás de Aquino (1225-1274). A sua atração é intensa na Mística com consistência menor na Filosofia e na Razão.

Alguns irmãos diziam: ‘Se quiser ser espiritual, leia todos seus escritos (de Madame Guyon), serão de grande ajuda’. Felizmente, alguns foram traduzidos para o chinês. Ela era muito espiritual, disse coisas como: ‘Desejo beijar o cajado de Deus’. Essa senhora tinha características nobres, algo especial que outros não tinham. Havia algo peculiar na sua escolha da cruz. Muitos foram realmente tocados por sua história.

Para mim, Madame Guyon era a máxima espiritualidade, até que fui para os Estados Unidos para continuar meus estudos. Sou muito agradecido a Deus porque, na década de 60, quando estive em Nova Iorque, tive o privilégio de conhecer o irmão Stephen Kaung. O irmão Kaung é um servo do Senhor muito rico na Palavra e me ajudou tremendamente durante quatro anos. Certa vez ele abriu sua biblioteca e disse-me: ‘Pode ler o livro que quiser’. Mesmo assim perguntei-lhe que livros me aconselharia ler. Ele repetiu ‘qualquer livro’.

Lembrei-me de que, no passado, quando ainda morava no Oriente achava que só determinados livros me ajudariam. Naqueles poucos anos em Nova Iorque, procurei aproveitar o máximo para aprender com o irmão Stephen Kaung. O Senhor o tem usado tremendamente em várias partes do mundo. Então lhe falei sobre Madame Guyon porque queria ouvir sua opinião. Para mim ela era o máximo; suas experiências eram as mais espirituais de todas, acreditava que seus escritos eram necessários para 51sxKJQ2OFLmim.

Para minha surpresa, ele comentou: ‘Entre os místicos da história da Igreja, Madame Guyon foi a menor; ela foi a menor de todos’. Fiquei surpreso com sua resposta; para mim ela havia chegado ao topo, mas o irmão Stephen Kaung discordou. Então perguntei qual era o maior e ele me disse que entre os maiores místicos, estavam John Tauler e São João da Cruz. Então emprestou-me um livro de John Tauler o qual me tocou profundamente.

Após a leitura do livro de John Tauler, comentei que achara muito interessante, era como se estivesse lendo os livros de Watchman Nee. Ele concordou. Comentei, então, que achava que Watchman Nee havia sido influenciado por John Tauler, pois ao ler os escritos do Watchman Nee sentimos a unção de Deus e o mesmo acontece quando lemos John Tauler. Percebemos a unção de Deus, pois às vezes somos levados à Sua presença e descobrimos que eles entraram na presença de Deus de forma profunda.
Christian Chen (Pregador Cristão; Conferencista; Escritor; Professor Universitário; Pesquisador em Informática; e Doutor em Física Nuclear).

Palavras de  John Tauler:

 Como o girassol eternamente a voltar-se para o poderoso Sol, com a fidelidade da constância seguindo apenas um – assim faça de mim, Senhor, para Consigo.
 
 
Honramos e glorificamos Seu mistério inefável com a sagrada reverência e o silêncio.
 
 
Deus é infinito, sem fim, mas o desejo da alma é um abismo que não pode ser preenchido a não ser por um Bem que seja infinito; e quanto mais ardentemente a alma ansiar por Deus, mais desejará estar com Ele, pois Deus é um Bem sem desvantagens e um poço de águas vívidas sem fundo; e a alma é feita à imagem de Deus e, portanto, foi criada para conhecer e amar Deus.
 
 
Senhor, é Tua graça e Teu amor que capacitam meu coração a crer, a esperar e a amar. Posso ir a Teu encontro e abraçar-Te como meu verdadeiro amigo. Posso confiar em Ti, meu bondoso Pai. Tu és um mar de graça, de consolo e amor. 
 
Que disse Nosso Senhor a Zaqueu? ‘Desce depressa’. Tu deves descer, não deves reter uma única gota de consolação de todas as tuas impressões na oração, mas descer no teu puro nada, na tua pobreza, na tua impotência… Se te resta ainda algum elo da natureza, desde que a Verdade te deu alguma luz, tu ainda não a possuis, Ela não se tornou um bem teu; natureza e graça trabalham ainda juntas, e tu não chegaste ao abandono perfeito…; isso ainda não é a pureza plena. É por isso que Deus convida um tal homem a descer, quer dizer que ele O chama a uma renúncia plena, a um pleno desprendimento da natureza, em tudo o que ela possui ainda algo de seu.
 
 
Que mais pode fazer para nós que não haja feito? Abriu seu Coração para nós, como o quarto mais secreto donde conduz nossa alma, Sua noiva eleita. Porque é Seu gozo estar conosco em silêncio e paz, para repousar-se ali conosco… Nos deu seu Coração ferido para que residamos ali, completamente purificados e sem mancha, até que sejamos semelhantes a seu Coração, feitos capazes e dignos para ser conduzidos com Ele ao Coração divino de seu Pai… Nos dá seu Coração completamente, para que seja nossa habitação. Por isso deseja nosso coração em troca, para que seja Sua habitação.”
 
 
Todos os homens buscam a paz. Por todo o lado, nas suas obras e de todas as maneiras, procuram a paz. Ah! Pudéssemos nós libertar-nos dessa busca e procurarmos, nós, a paz, no tormento. Só aí nasce a verdadeira paz, aquela que permanece e dura… Procuremos a paz na angústia, a alegria na tristeza, a simplicidade na multiplicidade, a consolação na contrariedade; é assim que nos tornaremos verdadeiras testemunhas de Deus.
 
 
A alma suporta dentro de si uma centelha, um fundamento, cuja sede Deus Todo-Poderoso não pode satisfazer, a não ser dando-se a Si mesmo. Se Ele tivesse que dar à alma o espírito das formas de todas as coisas que criou no Céu e na Terra, então isto não seria suficiente e não poderia satisfazer a sede, que a alma possui em sua natureza.
 
 
Não é certo que Nosso Senhor declarou: ‘Uma só coisa é necessária?’ Qual é então essa única coisa que é necessária? A única coisa necessária é que reconheças a tua fraqueza e a Sua misericórdia. Tu nada podes reivindicar; por ti mesmo, nada és.
 
 
Qual é, então, o caminho mais curto, que conduz a verdadeira luz? Eis tal caminho: renunciar verdadeiramente a si mesmo, amar e não ter em vista senão só Deus… não querer em coisa alguma o próprio interesse, mas desejar e procurar somente a honra e a glória de Deus, esperar tudo imediatamente de Deus e, sem desvio nem intermediário, a Ele remeter todas as coisas, venham de onde vierem, a fim de que haja entre Deus e nós um fluxo e um refluxo imediatos. Eis o verdadeiro caminho, o Caminho Reto.
 
Johannes Tauler
Beneditino do séc. XIV
Conhecendo o Amado irmão Johannes Tauler

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