Carta aberta aos pastores. Considerações sobre o momento do COVID-19 por um colega de ministério.

Maio de 2020

  1. JUÍZO

Como Cristãos, ao longo da história, vemos muitas vezes o juízo de Deus vindo sobre a humanidade. Mas por que falo sobre juízo?

Verificamos que a manifestação do atual vírus é universal. Não há predileção quanto a raça, classe social ou religião. Podemos apenas concluir que os eventos estão debaixo da soberana regência do Senhor e que este mundo tem um destino apocalíptico revelado em toda a escritura.

Essa pregação sobre a intervenção divina na história por meio de sofrimentos humano é refutada por muitos em nossa época. A versão dualista, e antiga, de um deus amoroso que se submete ao ser humano frente a um deus, iracundo e mal e mais antigo, é amplamente aceita e pregada. Raramente se ouve sobre os atributos de Deus, como sua ira, justiça, soberania etc.

Qual o resultado disso?

Aflições desta vida, muitas vezes, é Deus gritando para a humanidade e a Igreja que devem mudar!

  1. AFLIÇÕES

Em dias de aflições, divinamente proporcionadas ou aproveitadas, como deveríamos nos comportar?

Bem, a fé cristã no ocidente já por algumas décadas vem sofrendo por um terrível mal chamado neopentecostalismo. Esse mal tem contaminado o pensamento cristão ocidental (chegando já a Europa e África) e suas igrejas resultando em práticas sincretistas e antibíblicas.

Por que é um mal?

Porque relativiza a mensagem cristocêntrica da Bíblia, faz de Deus um serviçal da vontade e prazeres humanos. O homem se torna o centro de seu culto e o pecado é visto como algo natural, inerente ao ser humano e não odiado por Deus, tendo este que entender e justificar as fraquezas humanas em nome de um amor superior.

Muitos estão em conflito, pois estranham e não reconhecem a forma de agir de um Deus ao qual nunca foram apresentados. Isso devido a uma população que enxerga Deus apenas pelos púlpitos, e não leem a Bíblia.

Qual o resultado disso?

Aflições desta vida, muitas vezes é Deus gritando para a humanidade e a Igreja que devem mudar!

  1. CAUSAS

Nossas igrejas foram tomadas por um evangelho que não muda, não confronta, sem cruz nem arrependimento. Criamos programações em cima de programações, e entramos em uma frenética escala de “sucesso” onde nossos templos refletem nossa “prosperidade”. Cada vez maiores, mais equipados, mais divulgados, mais repletos de eventos que satisfazem a visão ali aplicadas e os anseios de homens inertes aos princípios bíblicos.

Não conseguimos mais fazer “nossas esmolas” em secreto. Alguns adoram, outros oram, mas a maioria compartilha, muitas vezes sem “curtir”.

Qual o resultado disso?

Aflições desta vida, muitas vezes é Deus gritando para a humanidade e a Igreja que devem mudar!

Permitimos que a Palavra fosse cada vez mais esquecida, nossas ceias, cada vez mais dessacralizadas. Elementos estranhos começaram a ter destaques em nossos cultos. Hoje são cada vez mais “normais” elementos do judaísmo, catolicismo, umbanda, esoterismo, dentre outros.

Qual o resultado disso?

Aflições desta vida, muitas vezes é Deus gritando para a humanidade e a Igreja que devem mudar!

  1. OPORTUNIDADE

Hoje, os púlpitos foram esvaziados, os templos fechados e fomos divinamente obrigados a fazer algo que deveria ser natural, o culto doméstico, a nossa casa como um altar e nossas famílias como uma igreja. Hoje, a maioria de nossos lares têm sido conduzido por sacerdotes que não conseguem pastorear nem a si mesmos e essa tem sido a forma de sentirmos ‘próximos’ de Deus. Isso não deveria ser o normal? O Deus proclamado nos templos não deveria ser aquele celebrado nas famílias?

Tal como terceirizamos a educação de nossos filhos aos professores também o fizemos quanto a catequese as igrejas. Ambas deveriam ser feitas nos lares.

Temos, como pastores a oportunidade de voltar! Sim! Prosperar no caminho errado é regredir.

Qual o resultado disso?

Aflições desta vida, muitas vezes é Deus gritando para a humanidade e a Igreja que devem mudar!

  1. PLENITUDE DOS TEMPOS

Jesus se manifestou ao mundo em meio ao império romano. Suas estradas comerciais fizeram com que o mundo antigo tivesse suas fronteiras estreitadas. Com isso a propagação do evangelho com a dispersão da Igreja estava pronta para alcançar ‘os confins da terra’.

Hoje, por meio da tecnologia, não apenas o mundo antigo, mas todo o planeta, não existem mais fronteiras. Porém, como disse Jesus a Jerusalém: “não entendemos a visitação do Senhor”. Fomos reprovados e por tal rejeitados. A única forma de progredir, é voltando para o primeiro amor, as primeiras coisas, para Cristo.

Muitos pastores, com a oportunidade dada pela tecnologia estão apenas reproduzindo seus cultos desprovidos de uma graça bíblica e focadas no homem. Não deveriam aproveitar a oportunidade e mudar também a forma? Muito além da forma, o conteúdo? Seria como estando dentro do Peixe Jonas continuasse a querer fugir de Nínive.

Nós ainda não entendemos que a oportunidade de estarmos “isolados” é para nos reencontrarmos com o Cristo da cruz e com a importância de um amor servil a família.

Qual o resultado disso?

Aflições desta vida, muitas vezes é Deus gritando para a humanidade e a Igreja que devem mudar!

Que o Senhor tenha misericórdia de nós!

Alê Rocha

Carta aberta aos pastores. Considerações sobre o momento do COVID-19 por um colega de ministério.

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