Digno de Louvor [Introdução] – Dick Eastman

Quem não gostaria de experimentar maior liberdade no louvor e na adoração? desfrutar de um relacionamento mais íntimo com o Senhor? Qual o cristão genuíno que não deseja louvar de modo espontâneo, sem precisar recorrer a frases decoradas, inconscientemente copiadas de outros tidos como “mais espirituais’.? Quem não quer ver no seu dia-a-dia os efeitos práticos da liberação do poder de Deus em resposta ao louvor?

“Sim, claro que quero”, cada um se apressaria em admitir, “mas a grande questão é: como?” Louvar a Deus é falar bem dele, elogiá-lo sinceramente por tudo que ele é e faz. Logo, a adoração e o louvor genuínos trazem a tônica da exaltação da pessoa e do caráter de Deus. Digno de Louvor descortina para o leitor o incomparável caráter de nossa Deus e traz um roteiro que o ajudai á a chegar a um conhecimento prático desse caráter e a colher os benefícios de um relacionamento mais íntimo com o Senhor e uma vida interior mais rica e realizada.

“Divulgarão a memória de tua muita bondade, e com júbilo celebrarão a tua justiça.”  Salmo 145:7                                                                                      

Por que Celebrar ao Senhor?

Era uma idéia estranha, e imediatamente compreendi que fora o Senhor quem a introduzira em minha mente. Eu me encontrava em nossa “sala de intercessão”, um local dedicado à oração, e que havíamos estabelecido logo no início de nosso ministério. Nesta sala há sempre alguém orando, durante todo o dia, no horário comercial. Em primeiro lugar, oramos por outros intercessores, já que os crentes que se dedicam à oração acham-se expostos a pesados ataques do inimigo. Então assumimos essa batalha espiritual em favor das outras pessoas que estão na mesma luta. A existência dessa sala nos recorda sempre que a oração e adoração são tão importantes em nosso ministério como qualquer outra atividade.

E foi nesse contexto que Deus me revelou a grande extensão do poder do louvor. Como de costume, todo o nosso corpo de funcionários estava ali reunido para iniciar o dia com um período de oração. Nesse dia, teríamos uma reunião de mais ou menos uma hora. Depois, voluntários ou integrantes do nosso corpo de intercessores ficariam ali orando pelo dia afora.

Nessa ocasião, iríamos aprender uma lição que afetaria todo o nosso ministério, e, por fim, resultaria também na feitura destes passos maravilhosos no caminho da adoração. Foi uma lição que nos mostrou como é pequena a nossa compreensão do poder do louvor. Uma das integrantes de nosso grupo, correndo os olhos por grande número de pedidos de oração enviados .por outros intercessores, em dado’ momento, começou a chorar, ao tomar conhecimento dos sérios problemas relatados naqueles pedidos; eram irmãos que estavam sofrendo os “ataques” do inimigo devido aos seus projetos de oração. Estão desesperados, disse-nos entre lágrimas. Estão contando conosco para que os sustentemos em oração.

Aqui fez uma pausa, e depois continuou:
São tantos que não sei como poderemos orar adequadamente.A essa altura, nossa colega soluçava. Comecei a chorar também, mas daí a instantes essas lágrimas transformaram-se em lágrimas de alegria, pois meu pensamento fora inundado por uma idéia vinda do Senhor: Vocês triunfarão pelo louvor .Não ouvi uma voz audível, mas compreendi que era Deus quem estava-me comunicando uma verdade vital. Depois de ponderar uns instantes sobre aquilo, orei silenciosamente: “O que isso quer dizer, Senhor?”

A resposta dele foi a revelação de uma verdade sobre a qual eu já havia meditado havia anos, mas nunca entendera muito bem, e nunca aplicara em minha vida. É a seguinte: todas as nossas vitórias – sejam elas uma libertação instantânea ou simplesmente uma capacitação para suportarmos uma provação longa e difícil – provêm tão-somente do caráter e da natureza de Deus. Nossa vitória é a presença de Deus, e é o louvor que cria condições para que haja plenitude da presença dele.

Foi um pensamento maravilhoso, e no decorrer da reunião ocorreu-me o texto bíblico que fornece a base para essa ideia. Fundamentado nele poderia reconhecer que aquele pensamento me viera realmente de Deus. O salmista diz que Deus está “entronizado entre os louvores de Israel (ou do seu povo)”. (SI 22.3.) Isto significa, como diz o texto hebraico, que onde o povo de Deus estiver a louvá-lo, aí está o seu trono; quer dizer, ele realmente habita no meio dos louvores de seus filhos. A versão em inglês New American Standard traz uma nota de rodapé para esse versículo que diz o seguinte: “Tu estás entronizado sobre os louvores de Israel.”

E onde estiver a presença de Deus, ali o seu poder opera em plenitude. Portanto, quando saturamos nossas orações de altos louvores a Deus, estamos também saturando da presença dele as situações pelas quais oramos, já que Satanás não pode operar na presença dele. E assim de fato “triunfamos” ou “gloriamos” pelo louvor a Deus.

Algum tempo depois, descobri, com muita alegria, uma oração singular feita pelo salmista. Ele pede ao Senhor que deixe o povo de Isral honrar o Senhor e Gloriar-se” (ou triunfar) no seu louvor (Salmo 106:47). O termo hebraico que aqui é traduzido como “gloriar” sugere um grito de triunfo. um brado de êxtase, diante do inimigo derrotado. Parece sugerir também a ideia de que o fiel foi elevado a uma posição de vitória sobre o inimigo a fim de celebrar a Deus com um brado de triunfo” Num certo sentido, o salmista estava pedindo a Deus que lhes concedesse a vitória sobre seus inimigos para que pudesse ter uma razão para celebrar ao Senhor com louvores.

E na continuação da nossa reunião daquela manhã senti que Deus estava-me dando outras revelações. Compreendi claramente que o louvor contribui para nossos triunfos, e não deve ser visto apenas como um culto que se presta após a vitória. E na verdade um louvor eficaz resulta em maravilhosas razões para celebrarmos ao Senhor. De alguma forma, nosso louvor está ligado à concretização de nossas vitórias, como sucedeu a Paulo e Silas, em Atos 16:25. Há um outro salmo que apresenta ideia semelhante, mas neste o alcance dela é ampliado, abrangendo o mundo todo. No Salmo 67.5-7, lemos o seguinte: “Louvem-te os povos, 6 Deus … A terra deu o seu fruto … e todos os confins da terra o temerão. “

Ficou claro para mim que, se quisermos que Deus nos conduza a vitórias ainda maiores no louvor, teremos que aprender a conhecer a verdadeira natureza do louvor, e a louvar a Deus continuadamente. Além disso, temos que aprender que devemos louvar a Deus não apenas porque isso nos traz vitórias, mas porque ele é merecedor. Em outras palavras, embora obtenhamos bênçãos através do louvor, o fato é que Deus, e apenas ele, deve ser o objeto de nossos louvores.

O que é Louvar?

Quando encerramos nossa reunião de oração naquele dia, fizemos um compromisso de procurar compreender melhor e mais profundamente a forma de se prestar a Deus um louvor perene, bíblico. Mas o que significa realmente manter um louvor constante? Até há alguns anos eu achava que louvar a Deus é verbalizar expressões de adoração a ele, declarando ou reconhecendo-o como ele é. Por outro lado, ações de graça são expressões de agradecimento a Deus pelas bênçãos concedidas a nós ou a outros.

Eu sabia que louvar a Deus é proclamar verbalmente o caráter e a natureza dele.Contudo não possuía um conhecimento suficientemente amplo do caráter e da natureza dele para louvá-lo de maneira significativa. Infelizmente, meus momentos de louvor eram mais ou menos assim: “Senhor, eu te louvo porque és maravilhoso… grandioso… belo… e muitas outras coisas assim, tenho certeza.” Na verdade, eu não sabia quais eram essas “outras coisas assim”; não tinha a menor ideia de como poderia expressá-las.

Resolvi, então, que teria de corrigir essa deficiência. Peguei o dicionário com seus trinta e cinco mil verbetes, e pus-me a procurar todos os termos que equivaliam a “bom” ou “justo”. Na minha concepção, todas as palavras de nossa língua que expressassem a noção de. “perfeito”, tais como pureza, retidão, etc., deviam ter sua origem em Deus, pois só ele é eternamente bom e perfeito, e tudo que ele faz é absolutamente correto.Encontrei quase quinhentos termos com os quais podemos louvar ao Senhor. Mas ao preparar este este assunto maravilhoso reduzi bastante este número, a fim de oferecer um método mais prático para o estudo do louvor.

Depois, passei a procurar na Bíblia textos que me dessem apoio no uso desses termos de adoração, e fiquei encantado ao encontrar centenas de exemplos de modos específicos de se empregarem essas palavras no louvor a Deus. Logo percebi que precisava elaborar um plano sistemático para estudar esses textos e ensiná-los a outros.Por sugestão de um amigo resolvi esquematizar um plano de louvor, programado para sete semanas. Seria uma “estratégia de louvor”, apresentando, para cada semana, sete formas de louvar a Deus, cada uma com seus textos básicos. É claro que todos esses conceitos de louvor podem ser  utilizados em qualquer ocasião, mas tendo um plano sistematizado fica mais fácil estudá-los e até memorizá-los, se assim o desejarmos, para, mais tarde, obtermos um louvor bem espontâneo.Embora nossa lista esteja completa no que diz respeito aos principais temas relacionados com o louvor, na verdade sentimos que ela é bastante incompleta se levarmos em conta as imensas possibilidades do louvor.

É importante relembrar que todo verdadeiro louvor deve ter como alvo central a natureza e o caráter de Deus. Por isso resolvi apresentar o conteúdo deste material em duas partes. Na primeira, examinamos diversos aspectos gerais relacionados com o caráter e natureza de Deus. O objetivo aí é oferecer um estudo sobre o nosso maravilhoso Deus, que realmente merece todo o nosso louvor. Na segunda parte, apresentamos um plano sistemático de louvor, que é o principal objetivo deste trabalho. Como damos na primeira parte uma visão teologica de Deus, decidi apoiar-me nos escritos de diversos teólogos e outros escritores cristãos. Quero expressar, então, meu reconhecimento a essas pessoas pela sua contribuição, e aos seus editores pela permissão concedida para que eu transcrevesse seus pensamentos. Peço ao leitor que não se sinta desestimulado com os textos que talvez possam ser considerados mais “difíceis”. Eles foram incluídos para ajudá-lo a fazer uma pausa e meditar sobre a grandeza da infinita natureza de Deus.

 Sugestões Práticas

Como o principal objetivo nosso nas páginas que se seguem é cultivar um louvor real em sua prática devocional, sugiro ao leitor que coloque etiquetas nas diversas divisões da segunda parte para identificá-las com mais facilidade. Cole essas etiquetas na página onde se encontra o primeiro termo de adoração de cada divisão semanal. Deste modo, poderá encontrar rapidamente qualquer lista específica durante sua hora devocional. Também é bom colorir em tons específicos os textos relacionados com cada termo. Os diversos temas de louvor da segunda parte podem ser adaptados para serem utilizados em cultos de oração, para criar um louvor mais significativo nessas reuniões.

Apresentamos um comentário introdutório sobre a palavra focalizada no domingo de cada semana, cujo objetivo é analisar em profundidade um dos atributos de Deus: amor, santidade, majestade, justiça, fidelidade, misericórdia e integridade. Nesses comentários, demonstramos como cada uma das outras palavras pode ser utilizada na adoração a Deus. Observe que as palavras de louvor dadas para cada semana não se acham reunidas sob um mesmo tema, mas refletem os ilimitados atributos de nosso Deus Pai. É possível que um dia você saiba de cor muitas dessas palavras de adoração (se não todas). bem como as referências bíblicas a elas relacionadas. E o melhor de tudo é que as suas horas devocionais se tornarão motivos para celebrar ao Senhor.

Dick Eastman

digno-de-louvor-dick-eastman-20965-MLB20200996137_112014-OFonte: Livro Digno de Louvor – Editora Betânia,1987

Digno de Louvor [Introdução] – Dick Eastman
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