LEI, GRAÇA E SANTIFICAÇÃO – Russell P. Shedd

A presente mensagem aborda questões voltadas para Igreja e Vida Cristã, ao analisarmos todos os tópicos do livro, verificamos que o autor norteia conceitos extremamente bíblicos e não de cunho pessoal.Identifica a importância do tradicionalismo num primeiro momento, mas o desconsidera, quando é um fim em si mesmo.Nenhum homem na história com exceção do próprio Cristo, foi absolutamente perfeito, assim usar mecanismos, ideologias, doutrinas para chegar a um nível de perfeição, foge do preceito bíblico.

O povo de Israel conseguia separar as cerimônias religiosas da vida moral e social, como também da espiritualidade. Diante de todo rigor que hoje verificamos, somos inclinados a compreender a luz da Bíblia, que Deus não aceita qualquer esforço humano que não seja feito com alegria.

Verificamos que o próprio Cristo atribuiu importância à lei, notado que Ele rejeitou toda e qualquer religião que desvia da graça para confiar no mérito próprio. A mudança comportamental advinda do novo nascimento, se não houver alguma mudança de comportamento, não existe fundamento para uma esperança de vida eterna (1Co 10.1-13).

TRADICIONALISMO: A tradição estéril que desconhece o significado do “arrependimento” acaba apodrecendo. A vida de Cristo no tronco da árvore eclesiástica é substituída pela vida institucional, que conquista espaço, arrecada dinheiro e manipula os homens, mas não esvazia o inferno. As influências do mundo não podem ser barradas. Atrás da cortina de ferro existe uma realidade; nos EUA, outra; e no Brasil, ainda outra.
Dentro da mesma Igreja, num só país, há divergências. Na história a tradição teve seus bons e maus momentos, serviu de elementos para refletirmos nas ocorrências do passado, nas realidades do presente e nas perspectivas do futuro da Igreja e da sociedade. “Precisamos fazer uma distinção entre tradição e tradicionalismo.
A tradição é a fé viva daqueles que já morreram enquanto o tradicionalismo é a fé morta daqueles que ainda estão vivos. A tradição, fundamentada na verdade, passa de geração em geração e precisa ser preservada. Mas, o tradicionalismo, filho bastardo do legalismo, conspira contra a verdade e perturba a igreja.
FORMALISMO: “J. A. Motyer, comentando sobre a importância deste livro diz que a mensagem de Amós repreende o nosso formalismo; oferece o lembre salutar de que uma tradição da igreja pode ter atravessado duzentos anos para se comprovar tão falsa atualmente quanto foi no princípio;” Assim, o formalismo é um aliado bem chegado da carne, do esforço humano sem a humilde dependência da fé em Deus.
 O formalismo se dedica às ordens de Deus e se faz presente quando notamos nas atitudes dos membros da igreja que a razão que os motiva a participar dos cultos e o dever e não o prazer. Uma das indicações mais claras de formalismo aparece quando os atos religiosos são observados sem dependência do Espírito. O amor pelo Senhor e a comunhão com Ele são atitudes essenciais para combater a indiferença que a religião formalista produz. O formalismo exalta as maneiras e práticas religiosas.
LEGALISMO: “Os legalistas são impiedosos com as pessoas. Censuram, rotulam, acusam e condenam implacavelmente. Não são terapeutas da alma, mas flageladores da consciência. Colocam fardos e mais fardos sobre as pessoas. Atravessam mares para fazer um discípulo, apenas para torná-lo ainda mais escravo do seu tradicionalismo. Os legalistas trouxeram uma mulher apanhada em flagrante adultério e lançaram-na aos pés de Jesus. Não estavam interessados na vida espiritual da mulher nem nos ensinos de Jesus. Queriam apenas servir-se da situação para incriminar Jesus.
Os legalistas ainda hoje não se importam com as pessoas, apenas com suas idéias cheias de preconceito.” “O legalismo não morreu. Ele ainda está vivo e presente na igreja. Ainda é uma ameaça à saúde espiritual do povo de Deus. Há muitas igrejas enfraquecidas e sem entusiasmo sob o jugo pesado do legalismo. Há muitos cultos sem vida e sem qualquer manifestação de alegria, enquanto a Escritura diz que na presença de Deus há plenitude de alegria e delícias perpetuamente.
J. I. Packer, em seu livro Na Dinâmica do Espírito diz que não há nada mais solene do que um funeral. Há cultos que são solenes, mas não há neles nenhum sinal de vida.” O legalismo concentra sua atenção no comportamento. A raiz do pecado não está nas práticas externas de proibições humanas, mas no amor próprio que brota no lugar da devoção a Deus. O legalismo se define pelo visível. Sua motivação, como no caso de toda espécie de hipocrisia, é a de ser visto pelos homens. Valoriza a máscara da reputação sem preocupar-se com os motivos mais profundos.
A preocupação legalista exterioriza a lei divina para evitar o que Deus proíbe e cumprir todas as obrigações. No entanto, o legalista não pode descansar. Deus condena o legalismo por causa do orgulho, a mais pura manifestação de amor próprio. Quem é mais disciplinado, ou tem gostos mais condizentes com as práticas das “leis” eclesiásticas, conclui que é mais santos. Aos olhos de Deus, a soberba que domina o coração do “bom cristão” é tão ou mais condenável do que as práticas que condena (Pv 21.4; 11.2).
SANTIFICAÇÃO: A santificação é um processo (conjunto de atos concatenados), muitos tem focado em uma parte somente da santificação e esquecendo de uma outra parte, ambas são importantes – oração e leitura da Palavra. Para que esse conjunto seja eficaz, precisamos estar em comunhão constante e unânimes, assim como a Igreja Primitiva. (At 2.42-47). O objetivo da nossa eleição e predestinação é que nos tornemos “santos e irrepreensíveis perante ele” (Ef 1.4). Deus quer filhos à Sua imagem, que imitem Sua santidade. A Palavra de Deus ensina que dependermos de nosso esforço próprio para nos santificar fatalmente estaremos condenados a falhar. Nossa responsabilidade, segundo Jesus em João 15, é permanecer. Isto corresponde à ênfase de Paulo em crer. Crendo, permanecemos em Cristo.
Permanecer aponta também para a oração em que nos comunicamos pessoalmente como o Senhor e atendemos Sua voz que nos fala através das Escrituras. O pecado que mais eficazmente bloqueia nosso progresso no caminho da santificação é o mesmo pelo qual Jesus morreu: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho (próprio)” (Is 53.6). O Espírito de santificação pode constantemente remeter-nos à verdade bíblica acerca de Deus e de nós mesmos e, assim, nos incentivar a “buscar as coisas que são de cima” (Cl 3.1).
A santidade deve caracterizar o padrão de vida. Focaliza o modo de pensar e agir de acordo com a vontade de Deus, “quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos” (1 Jo 5.2). Olhando para nossos próximos, somos tentados a classificá-los em categorias de acordo com os níveis de santidade alcançados. Mas o que preocupa nosso Deus não é se nos conformamos a um padrão de comportamento aceitável ao pastor e aos diáconos, mas se reconhecemos o quanto nos falta para sermos conformes à imagem de Jesus Cristo. Muitos cristãos nunca refletiram acerca dos sinais bíblicos que distinguem a santidade verdadeira daquela promovida pelas tradições eclesiásticas ou ideias populares. Pensar que a santidade cresce no isolamento das quatro paredes da igreja é errar no conceito de santidade.
Precisamos combater eficazmente o mundanismo do nosso coração. Suas palavras compõem o único documento em toda história que merece o título “As Sagradas Escrituras” ou “A Santa Bíblia”. No Alcorão não aparece nenhuma das principais palavras árabes que significam “santo” ou “santidade”. Todo cristão sensível aos impulsos do Espírito reconhece falhas e negligências em sua vida. Teria prazer em progredir na santidade, mas faltam-lhe a força e persistência necessárias para romper com os hábitos pecaminosos e criar os novos e bons costumes.
CONCLUSÃO: Enfim, analisando os três pilares, expostos no livro, vemos que o uso desenfreado destes pilares, assim como sua consideração como “doutrina”, tende a cercear o cumprimento do Ide de Jesus; tende a apagar a luz do mundo; tende a transformar o sal insípido e sem valor; servindo para ser pisado; tende a apagar a unanimidade presente na Igreja Primitiva e tão necessária nos nossos dias; tende a centralizar todo desenrolar da vida no homem (antropocentrismo) ao invés de Deus (teocentrismo); tendem a considerar livros da Bíblia como fábulas e lendas e finalmente a arrancar do homem a chama da fé e dependência irrestrita em Jesus Cristo, autor, redentor e consumador da nossa fé.
Russell P. Shedd
Referências Bibliográficas: – Lei, Graça e Santificação – Russell P. Shedd – Editora Vida Nova; – Bíblia Sagrada;
Artigo: Legalismo, um caldo mortífero.
http://hernandesdiaslopes.com.br/2011/04/legalismo-um-caldo-mortifero/#.UaitvNit8vk

Shedd Publicações – http://www.sheddpublicacoes.com.br/

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Dr. Shedd é missionário da Missão Batista Conservadora desde 1962. Nasceu na Bolívia, onde seus pais, Leslie Martin e Della Johnston eram missionários. É PhD em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo, Escócia, fundador da editora Edições Vida Nova e é consultor da Shedd Publicações. Lecionou na Faculdade Teológica Batista de São Paulo por mais de 30 anos, viaja pelo Brasil e exterior fazendo conferências em congressos, igrejas, seminários e escolas de Teologia e é membro da Igreja Batista do Jardim Consórcio, em São Paulo. É casado com Patrícia, com quem tem 5 filhos.

LEI, GRAÇA E SANTIFICAÇÃO – Russell P. Shedd

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