A porta fechada: a sós com Deus – Andrew Murray

Fomos criados para ter comunhão com Deus.

Deus nos fez a Sua própria imagem e semelhança para que fôssemos ajustados à comunhão, fôssemos capazes de entendê-Lo e de apreciá-Lo, de entrar em Sua vontade e de nos deleitarmos em Sua glória.
Porque é onipresente, Deus poderia viver na alegria de uma inquebrável comunhão em meio a toda obra que tivesse para fazer. Dessa comunhão o pecado nos roubou.

Nada além dessa comunhão pode satisfazer tanto o nosso coração quanto o de Deus. Foi isto que Cristo veio restaurar: Ele veio devolver a Deus Suas criaturas perdidas e nos devolver a tudo aquilo para que fomos criados. A comunicação com Deus é a consumação da bem-aventurança tanto na terra como no céu.

Isso ocorre quando a promessa, tão freqüentemente dada, se torna uma experiência completa: “Estarei contigo, jamais te deixarei nem te abandonarei”, e quando podemos dizer: “O Pai está sempre comigo”.

Essa comunicação com Deus foi estabelecida para ser nossa o dia todo, quaisquer que sejam as circunstâncias que nos rodeiem. Porém desfrutar dela depende da realidade da comunicação em nosso aposento, a sós. 

O poder para manter uma comunhão íntima e satisfatória com Deus o dia todo dependerá totalmente da intensidade com a qual buscamos guardá-la na hora de nossa oração secreta. 

O essencial é a comunhão com Deus.

Este, nosso Senhor ensina, deve ser o segredo íntimo da oração secreta: fechar a porta e orar a nosso Pai, que está em secreto. A primeira e principal coisa é perceber que ali em secreto você tem a presença e a atenção do Pai. Saiba que Ele vê e ouve você.

Mais importante que todos os seus pedidos, mesmo que urgentes, mais importante do que toda a sua sinceridade e esforço para orar corretamente é a certeza viva, como a tem uma criança, de que seu Pai vê você, que agora você O encontrou e que, com os olhos porta_fechadaDele em você e os seus Nele, você agora desfruta de uma verdadeira comunicação íntima com Ele.

Cristão, em seu aposento secreto você “corre o risco” de substituir oração e estudo bíblico pela viva comunhão com Deus, o vivo intercâmbio de dar a Ele seu amor, seu coração e sua vida, e receber Dele o amor, a vida e o Espírito. Suas necessidades e suas declarações, seu desejo de orar humilde e sinceramente com fé talvez o ocupem tanto que a luz do semblante de Deus e a alegria do amor Dele não podem entrar em você.

Seu estudo bíblico pode ser tão interessante para você que mesmo a Palavra de Deus se torne um substituto para o próprio Deus, se torne o maior impedimento para a comunhão, porque mantém a alma ocupada em lugar de guiá-la a Deus. E saímos para nosso trabalho diário sem o poder de uma permanente comunhão, porque em nossos devocionais matutinos a bênção não foi adquirida.

Que diferença faria na vida de muitos se todas as coisas na vida fossem subordinadas a isto: “Quero ao longo do dia andar com Deus; meu horário da manhã é a hora em que meu Pai entra em um compromisso definitivo comigo e eu com Ele para que assim seja. Que poder seria concedido pela consciência de que Deus assumiu a responsabilidade por mim e que Ele está indo comigo; vou fazer Sua vontade o dia todo em Seu poder; estou pronto para tudo o que possa vir.”

Que nobreza haveria na vida se a oração secreta não fosse somente um pedir por uma nova sensação de conforto, luz ou poder, mas a entrega da vida somente por um dia no certo e seguro cuidado de um Deus poderoso e fiel. A separação dos outros, em solidão com Deus, é, com certeza, a única forma para viver em comunhão com outros no poder da bênção de Deus.

Andrew Murray

Fonte: Revista O Vencedor, fev/2006.

Andrew Murray: Um homem que habitou em Cristo! Andrew Murray nasceu na África do Sul, em 9 de maio de 1828, e morreu em 1917. Seu pai era pastor vinculado à Igreja Presbiteriana da Escócia, que, por sua vez, mantinha estreita relação com a Igreja Reformada da Holanda, o que foi importante para impressionar Murray com o fervoroso espírito cristão holandês. Andrew experimentou o novo nascimento aos 16 anos, na Holanda. Após isso, dedicou muito tempo, muitas madrugadas, a orar por um avivamento em seu país e a ler sobre experiências desse tipo ocorridas em outros países.

A porta fechada: a sós com Deus – Andrew Murray

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