Habite em Cristo: o Glorificado – Andrew Murray
Esta é uma vida de perfeita vitória e perfeito descanso; A vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então vós também sereis manifestados com Ele, em glória.

Aquele que habita em Cristo, o Crucificado, aprende a conhecer o que é estar crucificado com Ele, e nEle estar verdadeiramente morto para o pecado. Aquele que habita em Cristo, o Ressurreto e Glorificado, se torna da mesma forma participante da Sua vida de ressurreição, e da glória com a qual Ele agora está coroado no céu. Indizíveis são as bênçãos que fluem para a alma por causa da união com Jesus em Sua vida glorificada.

Esta é uma vida de perfeita vitória e perfeito descanso. Antes de Sua morte, o Filho de Deus tinha que sofrer, lutar, e podia ser tentado e atribulado pelo pecado e por seus assaltos. Como o Ressurreto Ele triunfou sobre o pecado; e, como o Glorificado, Sua humanidade entrou na participação da glória da Divindade. O crente que nEle habita dessa forma, é levado a ver como o poder do pecado e da carne são realmente destruídos. A consciência do completo e eterno livramento se torna crescentemente clara, e a paz e o descanso benditos, fruto da convicção de que a vitória e o livramento são fato consumado, tomam posse da vida. Habitando em Jesus, em Quem ele foi ressurreto e assentado em lugares celestiais, o crente recebe dessa gloriosa vida fluindo do Cabeça através de todo membro do corpo.

Esta é uma vida na plena comunhão do amor e da santidade do Pai. Jesus sempre ressaltou esse pensamento junto a Seus discípulos. Sua morte era uma ida para o Pai. Ele orou: “Glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti”. À medida em que o crente, habitando em Cristo, o Glorificado, busca compreender e experimentar o que a sua união com Jesus no trono significa, ele compreende como que a límpida luz da presença do Pai é Sua glória e benção mais elevadas, e nEle está também a porção do crente. Ele aprende a arte sagrada de sempre, em comunhão com seu Cabeça exaltado, habitar na secreta presença do Pai.

Além disso, quando Jesus estava na terra, a tentação ainda podia alcançá-lo. Na glória, tudo é santo, e em perfeita harmonia com a vontade de Deus. E assim, o crente que nEle habita experimenta que, nesta elevada comunhão, seu espírito é santificado em crescente harmonia com a vontade do Pai. A vida celestial de Jesus é o poder que lança fora o pecado

Esta é uma vida de amorosa beneficência e atividade. Assentado em Seu trono, Ele dispensa Seus dons, concede Seu Espírito, e nunca cessa de vigiar e operar, em amor, para aqueles que são Seus. O crente não pode habitar em Jesus, o Glorificado, sem se sentir movido e fortalecido para trabalhar.

O Espírito e o amor de Jesus sopram a vontade e o poder para o crente ser uma benção para outros. Jesus foi para o céu com o próprio objetivo de ali obter poder para abençoar abundantemente. Ele faz isto como Videira celestial, e somente por intermédio do Seu povo como Seus ramos. Portanto, quem quer que habitar nEle, o Glorificado, dá muitoAndrew Murray_001 fruto, pois recebe do Espírito e do poder da vida eterna do seu Senhor exaltado, e se torna o canal através do qual a plenitude de Jesus, que foi exaltado para ser Sacerdote e Salvador, flui para abençoar os que estão ao seu redor.

Há mais um pensamento com respeito a essa vida do Glorificado, e da nossa vida nEle. É uma vida de expectativa e esperança surpreendentes. É assim com Cristo, Ele se assenta à mão direita de Deus, esperando até que todos os Seus inimigos sejam feitos estrados de Seus pés, ansiando pelo tempo em que Ele receberá Sua recompensa plena, quando Sua glória será manifestada, e Seu amado povo estará para sempre com Ele nessa glória.

A esperança de Cristo é a esperança dos Seus redimidos: “voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também”. Esta promessa é tão preciosa para Cristo quanto pode ser para nós. O regozijo do encontro certamente não é menor para o Noivo do que para a noiva que espera. A vida de Cristo na glória é uma vida de ardente expectativa. A glória plena somente vem quando Seus amados estiverem com Ele.

O crente que habita firmemente em Cristo compartilhará com Ele desse espírito de expectativa. Não tanto para o aumento da alegria pessoal, mas uma expectativa que vem do espírito de ardorosa devoção ao seu Rei; ele anseia vê-lo vir em Sua glória reinando sobre todo inimigo, a plena revelação do amor eterno de Deus. “Até que Ele venha”, é o lema de todo crente sincero. “Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então vós também sereis manifestados com ele em glória”.

Pode haver diferenças bem sérias na exposição das promessas da Sua vinda. Para alguns pode ser claro como o dia que Ele vem rapidamente em pessoa reinar na terra, e essa rápida vinda é a sua esperança e seu arrimo. Para outros, não amando menos a sua Bíblia e o seu Salvador, a vinda não significa mais que o dia do julgamento, a solene transição do tempo para a eternidade, o fechamento da história na terra, o inicio do céu; e o pensamento dessa manifestação da glória do seu Salvador é, da mesma forma, seu gozo e sua força. É Jesus, Jesus vindo novamente, Jesus tomando-nos para Si mesmo, Jesus adorado como Senhor de tudo, que é para toda a Igreja a essência e o centro da sua esperança.

É através da habitação em Cristo, o Glorificado, que o crente é despertado para aquela espera verdadeiramente espiritual da Sua vinda, que traz, por si só, verdadeira benção para a alma. Existe o interesse pelo estudo das coisas que estão para acontecer, no qual o discipulado a uma escola frequentemente mais acentuado do que o discipulado ao manso Cristo, onde as contendas por causa das opiniões e a condenação de irmãos são mais surpreendentes do que qualquer sinais da Sua vinda.

Somente a humildade que deseja aprender daqueles que podem ter outros dons e revelações mais profundas da verdade do que os que temos, e o amor que sempre fala gentil e ternamente daqueles que não vêem da mesma forma que vemos, e a celestialidade que mostra que Aquele que vem é realmente a nossa vida, somente isto é que persuadirá tanto a Igreja quanto o mundo que esta nossa fé não é na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.

Para testificar do Salvador como Aquele que vem, nós precisamos estar habitando nEle e levando a Sua imagem como o Glorificado. Não é a exatidão dos pontos de vista que sustentamos, nem a convicção com a qual advogamos que irá nos preparar para encontrá-lo, mas somente a habitação nEle. Somente assim a nossa manifestação com Ele em glória pode ser o que ela significa para mim, uma transfiguração, um irromper e resplandecer da glória interior que tem sido esperada para o dia da revelação.

Bendita vida! A “vida oculta juntamente com Cristo em Deus, assentada em lugares celestiais em Cristo Jesus”, habitando em Cristo, o Glorificado! Mais uma vez vem a pergunta: Pode um débil filho do pó realmente habitar em comunhão com o Rei da glória? E novamente a bendita resposta tem que ser dada: Manter essa união é a própria obra para a qual Cristo tem todo o poder no céu e na terra à sua disposição. A benção será dada àquele que confiar em seu Senhor para isto, que em fé e confiante expectativa não cessar de se entregar para ser completamente um com Ele.

Foi um ato de fé notável, apesar de simples, aquele em que a alma, no princípio, se rendeu ao Salvador. Esta fé cresce para uma visão mais clara e um reter mais firme da verdade de Deus de que somos um com Ele em Sua glória. Nessa mesma fé maravilhosa, maravilhosamente simples, mas maravilhosamente poderosa, a alma aprende a abandonar-se completamente à guarda do imenso poder de Cristo, e às ações da Sua vida eterna.

Porque ela sabe que tem o Espírito de Deus habitando interiormente para comunicar tudo o que Cristo é, ela não mais olha sobre si como um encargo ou um labor, mas permite a vida divina agir de acordo com a Sua vontade, fazer a Sua obra. Sua fé é o crescente abandono do eu, a expectativa e aceitação de tudo que o amor e o poder do Glorificado pode realizar. Nessa fé, comunhão inquebrável é mantida, e realizada crescente conformidade. Como com Moisés, a comunhão nos faz participantes da glória, e a vida começa a brilhar com brilho não desse mundo.

Bendita vida! Ela é nossa, pois Jesus é nosso. Bendita vida! Temo a possessão dentro em nós em seu poder oculto, e temos diante de nós a perspectiva em sua glória mais plena. Possa a nossa vida diária ser a prova reluzente e abençoada de que esse poder escondido habita interiormente, nos preparando para a glória a ser revelada. Possa a nossa habitação em Cristo, o Glorificado, ser o nosso poder para vivermos para a glória do Pai; possa ser a nossa adequação para compartilharmos da glória do Filho.

Filhinhos, agora, pois, habitai nEle, para que quando Ele se manifestar, tenhamos confiança e dEle não afastemos envergonhados na sua vinda.

Andrew Murray

 Fonte: Revista À Maturidade – Primavera de 1995
 

Andrew Murray: Um homem que habitou em Cristo! Andrew Murray nasceu na África do Sul, em 9 de maio de 1828, e morreu em 1917. Seu pai era pastor vinculado à Igreja Presbiteriana da Escócia, que, por sua vez, mantinha estreita relação com a Igreja Reformada da Holanda, o que foi importante para impressionar Murray com o fervoroso espírito cristão holandês. Andrew experimentou o novo nascimento aos 16 anos, na Holanda. Após isso, dedicou muito tempo, muitas madrugadas, a orar por um avivamento em seu país e a ler sobre experiências desse tipo ocorridas em outros países.

Habite em Cristo: o Glorificado – Andrew Murray

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