EXORTAÇÕES À VIDA INTERIOR  [ 2 ] – LIVRO 2 – Tomás de Kempis

Apesar do livro, Imitação de Cristo [Livro Segundo], ser uma obra católica e, portanto, conter doutrinas e conceitos anti-bíblicos, como por exemplo, a doutrina do purgatório, resolvemos postar o mesmo no site, pelo fato deste ser um verdadeiro manual de espiritualidade. 

Aquele que é experimentado na Palavra de Deus está apto para analisar todas as coisas e reter o bem. O livro pode ser usado por todos aqueles que estão dispostos a crescer no discipulado radical. Pode inclusive, ser usado, seguindo as divisões de capítulos, como leitura diária devocional.

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CAPÍTULO 4
Da mente pura e da intenção simples

  1. Com duas asas se levanta o homem acima das coisas terrenas: simplicidade e pureza. A simplicidade há de estar na intenção e a pureza no afeto. A simplicidade procura a Deus, a pureza o abraça e frui. Em nenhuma boa obra acharás estorvo, se estiveres interiormente livre de todo afeto desordenado. Se só queres e buscas o agrado de Deus e o proveito do próximo, gozarás de liberdade interior. Se teu coração for reto, toda criatura te será um espelho de vida e um livro de santas doutrinas. Não há criatura tão pequena e vil, que não represente a bondade de Deus.
  2. Se fosses interiormente bom e puro, logo verias tudo sem dificuldade e compreenderias bem. O coração puro penetra o céu e o inferno. Cada um julga segundo seu interior. Se há alegria neste mundo, é o coração puro que a goza; se há, em alguma parte, tribulação e angústia, é a má consciência que as experimenta. Como o ferro metido no fogo perde a ferrugem e se faz todo incandescente, assim o homem que se entrega inteiramente a Deus fica livre da tibieza e transforma-se em novo homem.
  3. Quando o homem começa a entibiar, logo teme o menor trabalho e anseia as consolações exteriores. Quando, porém, começa deveras a vencer-se e andar com ânimo no caminho de Deus, leves lhe parecem as coisas que antes achava onerosas.

CAPÍTULO 5
Da consideração de si mesmo

  1. Não podemos confiar muito em nós, porque freqüentemente nos faltam a graça e o critério. Pouca luz temos em nós e esta facilmente a perdemos por negligência. De ordinário também não avaliamos quanta é nossa cegueira interior. A miúdo procedemos mal e nos desculpamos, o que é pior. Às vezes nos move a paixão, e pensamos que é zelo. Repreendemos nos outros as faltas leves, e nos descuidamos das nossas maiores. Bem depressa sentimos e ponderamos o que dos outros sofremos, mas não se nos dá do que os outros sofrem de nós. Quem bem e retamente avaliasse suas obras não seria capaz de julgar os outros com rigor.
  2. O homem interior antepõe o cuidado de si a todos os outros cuidados, e quem se ocupa de si com diligência facilmente deixa de falar dos outros. Nunca serás homem espiritual e devoto, se não calares dos outros, atendendo a ti próprio com especial cuidado. Se de ti só e de Deus cuidares, pouco te moverá o que se passa por fora. Onde estás, quando não estás contigo? E, depois de tudo percorrido, que ganhaste se esqueceste a ti mesmo? Se queres ter paz e verdadeiro sossego, é preciso que tudo mais dispenses, e a ti só tenhas diante dos olhos.
  3. Portanto, grandes progressos farás, se te conservares livre de todo cuidado temporal; muito te atrasará o apego a alguma coisa temporal. Nada te seja grande, nobre, aceito ou agradável, a não ser Deus mesmo ou o que for de Deus. Considera vã toda consolação que te vier das criaturas. A alma que ama a Deus despreza tudo que é abaixo de Deus. Só Deus eterno e imenso, que tudo enche, é o consolo da alma e a verdadeira alegria do coração.

CAPÍTULO 6
Da alegria da boa consciência

  1. A glória do homem virtuoso é o testemunho da boa consciência. Conserva pura a consciência, e sempre terás alegria. A boa consciência pode suportar muita coisa e permanece alegre, até nas adversidades. A má consciência anda sempre medrosa e inquieta. Suave sossego gozarás, se de nada te acusar o coração. Não te dês por satisfeito, senão quando tiveres feito algum bem. Os maus nunca têm verdadeira alegria nem sentem a paz interior; pois não há paz para os ímpios, diz o Senhor (Is 57, 21). E se disserem: Vivemos em paz, não há mal que nos possa acontecer, e quem ousará ofender-nos? – não lhes dês crédito, porque de repente levantar-se-á a ira de Deus, e então as suas obras serão aniquiladas e frustados seus intuitos.
  2. A quem ama não é dificultoso gloriar-se na tribulação; pois gloriar- se assim é gloriar-se na cruz do Senhor (Gál 6,14). Pouco dura a glória que os homens dão e recebem. A glória do mundo anda sempre acompanhada de tristeza. A glória dos bons está na própria consciência, e não na boca dos homens. A alegria dos justos é de Deus e em Deus, a sua alegria procede da verdade. Quem deseja a glória verdadeira e eterna não faz caso da temporal. E quem procura a glória temporal ou não a despreza de todo, mostra que pouco ama a celestial. Grande tranqüilidade do coração goza aquele que não faz caso de elogios nem de censuras.
  1. É fácil estar contente e sossegado, tendo a consciência pura. Não és mais santo porque te louvam, nem mais ruim porque te censuram. És o que és, nem te podem os louvores fazer maior do que és aos olhos de Deus. Se considerares o que és no teu interior, não farás caso do que te dizem os homens. O homem vê o rosto, Deus o coração (1 Rs 16,7). O homem nota os atos, mas Deus pesa as intenções. Proceder sempre bem e ter-se em pequena conta é indício de uma alma humilde. Rejeitar toda consolação das criaturas é sinal de grande pureza e confiança interior.
  2. Aquele que não procura o testemunho favorável dos homens mostra que está todo entregue a Deus. Porque, como diz S.Paulo, não é aprovado aquele que a si próprio recomenda, mas aquele que é recomendado por Deus (2Cor 10,18). Andar recolhido no interior com Deus, sem estar preso a alguma afeição humana, é próprio do homem espiritual.

tomas-de-kempis2Tomás de Kempis, também conhecido como Tomás de KempenThomas HemerkenThomas à Kempis, ou Thomas von Kempen (Kempen, Renânia, 1379 ou 1380- 25 de julho de 1471, mosteiro de Saint Agnetenberg, Zwolle) Monge e escritor alemão, Tomás de Kempis nasceu em 1380, em Kempen, na Renânia do Norte (perto de Colónia), faleceu a 24 de julho de 1471, no Mosteiro de Santa Inês.

ImitacaoDeCristoQuadrante-500x500Nota Importante: As nossas próximas postagens nós estarem compartilhando com os amados irmão o livro Imitação de Cristo, apesar do livro Imitação de Cristo ser uma obra católica e, portanto, conter doutrinas e conceitos anti-bíblicos, como por exemplo, a doutrina do purgatório, resolvemos postar o mesmo no site, pelo fato deste ser um verdadeiro manual de espiritualidade. Aquele que é experimentado na Palavra de Deus está apto para analisar todas as coisas e reter o bem. O livro pode ser usado por todos aqueles que estão dispostos a crescer no discipulado radical. Pode inclusive, ser usado, seguindo as divisões de capítulos, como leitura diária devocional.

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