O Catecismo de Westminster Comentado [Pergunta 12]

Breve Catecismo de Westminster foi formulado por teólogos ingleses e escoceses da Assembléia de Westminster, no séc. XVII.
É um catecismo resumido, de orientação calvinista, composto de 107 questões. Junto da Confissão de Fé de Westminster e do Catecismo Maior de Westminster, compõe os símbolos de fé das igrejas presbiterianas ao redor do mundo. Originalmente elaborado para o uso com crianças, revela contudo, um conteúdo de grande valor, aplicável a adultos.
O comentários que seguirão são baseados no Livro DOCUMENTOS DA REFORMA Breve Catecismo comentado, do Amado irmão Helio Clemente do Ministério Vivendo pela Palavra.

PERGUNTA:

Que ato especial de providência exerceu Deus para com o homem no estado em que ele foi criado?
RESPOSTA:

Quando Deus criou o homem, fez com ele um pacto de vida, com a condição de perfeita obediência: proibindo-lhe comer da árvore da ciência do bem e do mal, sob pena de morte.

Bases Bíblicas:

O que é o Pacto? O pacto é um acordo unilateral entre Deus e o homem, firmado unicamente com base na vontade soberana e na sabedoria de Deus, não é como um contrato, no qual todas as partes precisam concordar.
O Pacto: Tão grande é a distância entre Deus e a criatura, que, embora as criaturas racionais lhe devam obediência, nunca poderiam usufruir nada de Deus a não ser pela sua livre e soberana vontade, a qual foi representada pelo pacto.
Isaías 40,13-14: “Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensinou? Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho de entendimento?
”O pacto é fruto da livre graça de Deus, apesar disto, a responsabilidade da criatura permanece inalienável. O pacto não tem origem em qualquer necessidade ou carência de Deus, mas é voltado para manifestação da glória de Deus na salvação de seu povo.
A soberania de Deus: Deus é soberano e absoluto em sua natureza e qualidades, não tem necessidade de nada fora de si mesmo, tanto na constituição física do universo como em suas criaturas. A soberania de Deus não depende da cooperação de suas criaturas.
O amor de Deus não é um sentimento afetivo pelas suas criaturas, mas uma manifestação de sua glória em atos práticos que resultam na salvação do homem em Cristo.
1 João 4,9: “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele”.
A criação do universo, do homem e dos anjos são atos de misericórdia de Deus e não representa uma necessidade divina, o pacto visa à salvação e ao bem estar do ser humano. Deus não precisa do homem, Ele é um ser completo e plenamente feliz em si mesmo.
Atos 17,24-25: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais”.
O Pacto de Obras: O primeiro pacto feito com o homem foi estabelecido por Deus como um pacto de obras; nesse pacto a vida foi prometida a Adão, e nele, a toda sua posteridade, sob a condição de perfeita obediência pessoal.
Neste primeiro pacto, Adão é o representante da humanidade. Ele não cumpriu o pacto e caiu, Adão experimentou a partir da queda, a exclusão da comunhão divina; a vida prometida consistia na continuidade desta comunhão divina e na felicidade resultante.
Romanos 5,12: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”.A partir da quebra do pacto, o homem passaria a viver de acordo com as leis do mundo, herdando a natureza pecaminosa resultante da queda, e tornando-se incapaz de restabelecer a comunhão perdida.
1 Coríntios 15,22: “Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo”.O pacto de obras continua através da história do povo judeu, a Lei, que foi dada a Moisés é uma mera continuação do pacto de obras, que, da mesma forma se mostra incapaz de salvar o homem, pois ninguém será salvo pelas obras da lei.
Romanos 3,20: “Visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado”.Como vimos até aqui, pelas obras e pela lei vem somente o conhecimento do pecado, pois nenhum homem em toda a humanidade jamais conseguiu ou conseguirá cumprir rigorosamente toda a lei, porque quem tropeça em um ponto tropeça em toda a lei.
Tiago 2,10: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos”.Por todos estes motivos, sendo o homem incapaz de cumprir a lei, Deus fez um segundo pacto: o pacto da graça, onde ele oferece aos pecadores a vida e a salvação por Jesus Cristo, dando a eles a fé em Cristo e o arrependimento para a vida para que sejam salvos. A aliança da graça é realizada entre Deus e Ele mesmo na pessoa de Jesus Cristo.
Efésios 2,8: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”.Este novo pacto não representa redução de termos ou compromissos do primeiro pacto.Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem, através de uma vida de perfeita obediência cumpriu, em lugar de seu povo, toda a obediência que Adão não havia sido capaz de cumprir e por sua morte sacrificial propiciou a ira de Deus que pesava sobre os eleitos.
2 Coríntios 5,21: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”.

Aguardem a pergunta 13:

Conservaram-se nossos primeiros pais no estado em que foram criados?
Por isso, é necessário que o estudo do Catecismo seja acompanhado de comentários explicativos, pois Helio_Clementea amplitude das perguntas e respostas é grande e não se restringe direta- mente ao assunto especifico da questão. Os itens do Catecismo constituem um breve resumo relativo ao tema tratado, que deve ser ampliado e explicado em detalhes, de forma que o entendimento seja completo. Não é preciso modernizar a igreja, mais voltar no tempo e procurar a pureza doutrinária perdida ao longo dos séculos.
Em Cristo,
Helio Clemente – Abril de 2014
O Catecismo de Westminster Comentado [Pergunta 12]

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