O Catecismo de Westminster Comentado [Perguntas 2 e 3]

O Breve Catecismo de Westminster foi formulado por teólogos ingleses e escoceses da Assembléia de Westminster, no séc. XVII.

É um catecismo resumido, de orientação calvinista, composto de 107 questões. Junto da Confissão de Fé de Westminster e do Catecismo Maior de Westminster, compõe os símbolos de fé das igrejas presbiterianas ao redor do mundo. Originalmente elaborado para o uso com crianças, revela contudo, um conteúdo de grande valor, aplicável a adultos.
O comentários que seguirão são baseados no Livro DOCUMENTOS DA REFORMA Breve Catecismo comentado, do Amado irmão Helio Clemente do Ministério Vivendo pela Palavra.

PERGUNTA: 2

Que regra deu Deus para nos dirigir na maneira de o glorificar?

RESPOSTA:

A Palavra de Deus, que se acha nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento, é a única regra para nos dirigir na maneira de glorificar e encontrar prazer nele.

PERGUNTA: 3

Qual é a coisa principal que as Escrituras nos ensinam?

RESPOSTA:

A coisa principal que as Escrituras nos ensinam é o que o homem deve crer acerca de Deus.

A bíblia contem os preceitos gerais para a vida de toda a humanidade e, em especial, a vontade e determinação de Deus para com aqueles que são chamados para a salvação.

Romanos 15,4: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a m de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.

01DOCUMENTOS DA REFORMA - Breve Catecismo de Westminster

Deus interveio na história da humanidade e separou um povo. Esse povo é representado no VT (Velho Testamento) pelos israelitas, que têm origem em Abraão, e, na vinda de Cristo, esse povo se torna a igreja de Deus, composta de pessoas de todas as raças, tribos ou nações.

A bíblia não é um livro sobre moralidade, também não é um livro sobre ética ou dogmas, a bíblia é a revelação que Deus faz ao homem a respeito de si mesmo e de seus preceitos para a vida e relacionamento dos homens com Deus e entre eles mesmos. (A. A. Hodge)

Deus se relaciona e interage com o povo escolhido ao longo de toda a história. Inicialmente, através do pacto de obras, depois por meio da Lei, dos holocaustos e dos sacrifícios e, na plenitude dos tempos, através do pacto da graça, que se realiza pela encarnação do Verbo.

João 1,14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”.

Pela encarnação, o Verbo adquire uma natureza humana e se torna o Cristo prometido: perfeito homem e perfeito Deus, capaz de cumprir, em lugar de seu povo, a obediência da lei e propiciar, pelo seu sacrifício, a ira de Deus, que pesa sobre os homens desde a queda.

Quando inquirido pelos fariseus a respeito de quem ele era, Jesus responde que, para saber sobre ele, era necessário consultar as Escrituras, pois todo o conhecimento está ali revelado.

João 5,39: “Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”.

O homem necessita de um padrão prático por meio do qual seja capaz de dirigir sua vida de forma agradável a Deus. O que consideramos bom ou mau apenas pelos sentimentos e experiências significa apenas o que nos agrada ou nos desagrada.

Somente através da Palavra de Deus podemos vir a conhecer o bem e o mal de forma definitiva, que são conformes aos preceitos e mandamentos estabelecidos na Escritura. Esses preceitos e mandamentos são a regra pela qual o crente deve orientar sua vida.

Nada pode se sobrepor à Palavra de Deus na vida do cristão, nem as tradições da igreja, nem as normas sociais, nem as leis civis ou as normas profissionais de trabalho; todas essas coisas devem ser submetidas ao crivo da Palavra.

Levítico 18,4: “Fareis segundo os meus juízos e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus”.

A Escritura foi inspirada por Deus, através do Espírito. Todas as situações familiares, culturais, históricas e geográcas, assim como a personalidade e individualidade de cada um dos profetas e escritores bíblicos, foram determinadas na eternidade.

Assim, os profetas nascem no tempo previsto, de forma a conduzir a história e revelar a vontade de Deus aqueles que foram destinados a receber essa revelação.

Jeremias 1,5: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações”.

É preciso lembrar que a Escritura é dada para os cristãos; os incredulidades e religiosos formais não podem entender a Palavra. A completa negação da Escritura ou o aceitamento parcial de suas verdades são igualmente abomináveis para Deus.

Quando alguém nega uma verdade importante da Escritura, o problema não está na Escritura, mas na mente do homem. Antes que alguém possa entender os ensinamentos bíblicos, sua mente deve ser aberta e iluminada pelo Espírito Santo.

João 8,47: “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus”.

Isso seria o mesmo que dizer: “Quem não é de Deus, não ouve a palavra de Deus”.

O que não é o evangelho: todo falso evangelho faz a salvação ser, em alguma medida, dependente da dignidade, da cooperação, das obras ou da vontade do homem.

O que é o evangelho: o verdadeiro evangelho é a mensagem de salvação gratuita provida pela graça de Deus, adquirida pelo sangue expiatório de Cristo, para pecadores escolhidos na eternidade e operada eficazmente pelo poder irresistível do Espírito Santo.

De onde provém a autoridade da Escritura? A autoridade da Escritura provém de seu autor, que é Deus. Essa autoridade, sendo provinda de Deus, não é privativa de nenhuma denominação ou líder religioso, ninguém está autorizado a modicar a Palavra de Deus.

CFW: A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus, que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a Palavra de Deus.

1 Tessalonicenses 2,13: “Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando e eficazmente em vós, os que credes”.

A bíblia é a única regra de fé do cristão. Toda vontade de Deus para os homens está definida na Escritura, assim como os modos de adoração e louvor agradáveis a Deus.

Cristo é o centro da bíblia, desde o princípio até o fim. Só existe um pacto de Deus com o homem feito em Cristo na eternidade e administrado de formas diversas no decorrer do tempo, conforme os Decretos Eternos e a providência divina.

Apocalipse 1,8: “Eu sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso”.

Quando Deus expulsa Adão e Eva do paraíso, ele já promete a vinda do redentor, isto é, o evangelho de Cristo logo no início do relato bíblico: o descendente da mulher é Cristo que irá esmagar a cabeça da serpente, Satanás.

Gênesis 3,15: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.

Nenhuma denominação tem o direito de substituir a Palavra por tradições ou revelações posteriores, ou ainda dividir a revelação em diferentes modos de salvação ou relacionamento de Deus com os homens.

A bíblia é eternamente atual, pois assim como Deus é imutável, assim é sua Palavra. Dessa forma, o conhecimento de Deus somente é possível por meio da Escritura.

João 15,15: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer”.

A autoridade da Escritura é tal que, em algumas passagens bíblicas, a Escritura é citada com a autoridade de Deus, como se fosse o próprio Deus.

Romanos 9,17: “Porque a Escritura diz a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra”.

Gálatas 3,22: “Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que crêem”.

A revelação divina é cruel com a vaidade humana; a incapacidade do homem caído é patente em cada livro da bíblia: pela queda de Adão, todos morrem e perdem totalmente sua capacidade de querer ou fazer algo de bom que agrade a Deus.

Somente a graça pode salvar o homem caído, pois a livre agência do homem somente pode escolher segundo sua natureza, que é corrompida e irremediavelmente degenerada.

Efésios 2,8: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”.

Toda realidade universal, na qual se baseiam as leis que regem as nações, somente é possível a partir da revelação divina. Se não existissem esses absolutos morais baseados na Palavra, o mundo já teria se acabado no caos resultante do conflito entre as nações.

Provérbios 21,1: “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina”.

Dessa forma, a Escritura é necessária para governar toda a vida do cristão: conhecimento, oração e todas as atitudes no dia a dia da pessoa, de forma a tornar possível a salvação.

Esse governo total da Escritura na vida do cristão chama-se cosmovisão, uma visão do mundo e das coisas do mundo exclusivamente sob a ótica do sistema bíblico.

2 Timóteo 3,16-17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”.

Os nobres bereanos: vejamos o exemplo do apóstolo Paulo em Beréia. Todos os dias os bereanos consultavam a Escritura para conferir o que ele falava e, somente após algum tempo, chegaram à conclusão de que Paulo falava conforme a Palavra de Deus.

Atos 17,11: “Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim”.

Essa é a atitude esperada dos cristãos. Os cristãos não têm líderes nomeados ou carismáticos autorizados a ditar regras além ou aquém da Escritura; somente a bíblia é a regra de vida e fé do verdadeiro cristão.

Apocalipse 22,19: “E, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro”.

Por isso, é necessário que o estudo do Catecismo seja acompanhado de comentários explicativos, pois Helio_Clementea amplitude das perguntas e respostas é grande e não se restringe direta- mente ao assunto especifico da questão. Os itens do Catecismo constituem um breve resumo relativo ao tema tratado, que deve ser ampliado e explicado em detalhes, de forma que o entendimento seja completo. Não é preciso modernizar a igreja, mais voltar no tempo e procurar a pureza doutrinária perdida ao longo dos séculos.
Em Cristo,
Helio Clemente – Abril de 2014
http://www.vivendopelapalavra.com/index.php/component/content/article/38-diversos/1576-livro-breve-catecismo-comentado

Aguardem a pergunta 4:

Quem é Deus?

O Catecismo de Westminster Comentado [Perguntas 2 e 3]

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