O Catecismo de Westminster Comentado [Pergunta 9]

Breve Catecismo de Westminster foi formulado por teólogos ingleses e escoceses da Assembléia de Westminster, no séc. XVII.
É um catecismo resumido, de orientação calvinista, composto de 107 questões. Junto da Confissão de Fé de Westminster e do Catecismo Maior de Westminster, compõe os símbolos de fé das igrejas presbiterianas ao redor do mundo. Originalmente elaborado para o uso com crianças, revela contudo, um conteúdo de grande valor, aplicável a adultos.
O comentários que seguirão são baseados no Livro DOCUMENTOS DA REFORMA Breve Catecismo comentado, do Amado irmão Helio Clemente do Ministério Vivendo pela Palavra.

PERGUNTA: 9
Qual é a obra da criação?

RESPOSTA: 9
A obra da criação é aquela pela qual, Deus fez todas as coisas do nada, e tudo muito bem.

Bases Bíblicas:

Deus fez todas as coisas a partir do nada: Deus criou o universo fora de si, a partir do nada, todas as coisas no universo são criadas, nada nele é eterno ou auto-existente, este é um princípio básico da criação conforme a Escritura.

As religiões orientais acreditam que o universo é uma extensão do Ser de Deus, desta forma todas as coisas no universo são sagradas, pois fazem parte de Deus, vemos este caso na Índia, onde os bovinos são sagrados, os macacos, os ratos etc.

1.1 – Gênesis 1,1: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”.

Conforme a Escritura, o universo e todas as criaturas foram criados a partir do nada. Antes da criação nada existia além de Deus, mas na eternidade, todos os atributos de Deus já existiam: o amor inefável entre as pessoas da Trindade é a base da criação do universo.

1 Timóteo 4,4: “Pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável”.

No princípio: Deus criou primeiramente o tempo, que é a estrutura primária do universo.

Criou Deus os céus e a terra: Em seguida Deus criou o espaço e a matéria, na eternidade não existe o tempo, não existe o espaço e não existe a matéria.

Jeremias 10,12: “O SENHOR fez a terra pelo seu poder; estabeleceu o mundo por sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus”.

O Deus auto-existente: O Deus revelado na Escritura é todo-poderoso e infinito, existindo eternamente por si mesmo, acima e além do tempo, do espaço, da matéria e dos seres criados, e com a criação não se confunde ou se mistura.

O mundo foi criado para a manifestação da glória de Deus na salvação de seus eleitos, homens e anjos, para isto, Deus decretou todas as coisas que iriam acontecer no mundo criado para a manifestação visível de sua glória no dia do juízo final.

Romanos 8,28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.

A Escritura revela, também, um Deus que mantém o universo pelo poder de sua providência contínua e infalível, e ao mesmo tempo, um Deus espiritual e pessoal que cuida de cada uma de suas criaturas individualmente.

Este cuidado pela providência é feito por Jesus Cristo, pois ele é o Verbo de Deus que existe eternamente, como afirma o evangelho de João.
João 1,1: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.

O evangelho de João afirma a eterna existência do Verbo, a Carta aos Hebreus afirma que é ele que mantém todas as coisas pela palavra do seu poder.

Hebreus 1,3: “Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas”.

A ciência e a meditação podem revelar um poder ou força criadora anterior e maior que o universo criado, a partir da qual todas as coisas vieram a existir, mas a ciência não consegue conceber o Deus revelado: todo-poderoso, triúno, espiritual, infinito e eterno.

Este Deus, que transcende o universo, separado do mundo e acima de todas as coisas, é ao mesmo tempo o Deus imanente que se relaciona com cada uma de suas criaturas.

Jeremias 17,10: “Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações”.

A revelação: Se Deus não houvesse decidido se revelar através da Escritura os homens poderiam perceber o poder criativo de Deus através da natureza, mas jamais poderiam conhecer os preceitos de Deus para o homem e a possibilidade da salvação em Cristo.

Colossences 1,16: “Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele”.

O tempo da criação: O mundo foi criado, segundo as Escrituras, em seis dias, a partir do terceiro versículo do livro do Gênesis. Dificilmente podem ser dias semanais.

Deus é soberano, tendo poder para fazer o mundo vir à existência em seis horas, seis minutos, seis segundos ou instantaneamente, porém a mensuração do tempo só faz sentido para os homens, seres finitos e vinculados ao tempo, mas não para Deus, que é eterno.

Salmos 90,4: “Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e como a vigília da noite”.

Os antigos rabinos judeus, assim como muitos dos primeiros pais da igreja acreditavam que Deus havia trazido o mundo a existência instantaneamente.

A. A. Hodge: “O registro de Gênesis, breve e geral como ele é, foi dado para lançar o fundamento de uma fé inteligente em Deus como o criador e governador de todas as coisas. Mas ele não foi designado para impedir, nem para tomar o lugar de uma interpretação científica de todos os fenômenos existentes e de todos os traços da história pregressa do mundo que Deus permitiu aos homens descobrirem”.

Os dias da criação:
O caos: Gênesis 1,2: “A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas”.

A grande maioria dos teólogos concorda que existe um grande espaço de tempo, pelo menos entre o verso um e três do primeiro capítulo do livro do Gênesis.

Existem duas explicações principais para isto:

1 – Este intervalo corresponde ao caos resultante da revolta de Lúcifer. Esta explicação vem negar a soberania de Deus e a providência divina, pois supõe que Deus foi pego de surpresa pela revolta de Lúcifer, veja abaixo: “foste lançado” – o verbo está na voz ativa.

Isaías 14,12: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações!”.

2 – Conforme A. A. Hodge, baseado em Agostinho, este intervalo se refere a uma criação inicial dos elementos primários, depois disto Deus reordenou e combinou estes elementos para formar todas as coisas e os seus ajustamentos no sistema do universo.

Esta consideração parece bastante correta, pois dá lugar às eras geológicas e à formação natural e progressiva do universo, conforme as leis da natureza complementadas pelas intervenções criadoras de Deus nos devidos tempos e pela providência divina.

2 Pedro 3,8: “Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia”.

O bem e o mal: Gênesis 1,31: “E viu Deus que tudo quanto fizera, e eis que era muito bom…”.

Tudo que Deus criou, fez e mantém é intrinsecamente bom e compõe a universalidade do seu plano eterno. A malignidade existe, sendo determinada por Deus através de eventos isolados no universo, tais como as catástrofes naturais, as guerras e o mal causado pelo homem, que existem como partes integrantes e necessárias à decorrência do plano divino.

Gênesis 3,17: “E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida”.

Não se pode imaginar Satanás como um poder paralelo no universo, ou seja, que o mal é criado pelo demônio contra a vontade de Deus, Satanás é um ser criado, e como tal está completamente sobre o domínio de Deus e não tem capacidade de criar.

Isaías 45,7: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas”.

O descanso de Deus:

Deus começa o seu “descanso” no decorrer do dia sete. O Criador, completada a obra da criação no sétimo dia, descansou, isto é, chegou ao final de uma tarefa, continuando sem intervalo o trabalho da providência, Deus é espírito e não tem a necessidade do descanso.

Salmo 121,4: “É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel”.
Jesus revela que o Pai trabalha sem descanso sabático, e ele, Segunda Pessoa da unidade trina, faz o mesmo.

João 5,17: “Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”.

A semana do homem, na qual ele jamais termina obra alguma, é apenas um símbolo, ou imagem da semana da criação, existindo no calendário civil dos povos e na liturgia da Igreja para lembrança dos seguintes fatos:

A – Deus, sendo espírito puro e todo-poderoso, é incansável, passando de tarefa a tarefa sem intercurso e sem descanso; mas o homem se fatiga, necessitando de repouso:

Isaías 66,1: “Assim diz o SENHOR: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso?”.

 
Aguardem a pergunta 9: 

Como criou Deus o homem?

Por isso, é necessário que o estudo do Catecismo seja acompanhado de comentários explicativos, pois Helio_Clementea amplitude das perguntas e respostas é grande e não se restringe direta- mente ao assunto especifico da questão. Os itens do Catecismo constituem um breve resumo relativo ao tema tratado, que deve ser ampliado e explicado em detalhes, de forma que o entendimento seja completo. Não é preciso modernizar a igreja, mais voltar no tempo e procurar a pureza doutrinária perdida ao longo dos séculos.
Em Cristo,
Helio Clemente – Abril de 2014


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